Obra necessária que precisa sair do papel

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SOLANO FERREIRA

No período do regime militar, entre os anos de 1960/1970, uma das prioridades do governo federal era a integração da Amazônia, região que à época vivia em total isolamento. O projeto visava não só o desenvolvimento econômico, mas também por uma questão de geopolítica, a segurança nacional na região devido sua imensa fronteira desguarnecida. Daí a necessidade da interligação via terrestre ao interior da Amazônia para facilitar e agilizar o deslocamento até a região.

Esse isolamento começa a ser quebrado com a política de construção de estradas, algumas concluídas e outras até hoje por concluir, com é o caso a Transamazônica, que sai do Centro-Oeste e chega até o Pará. E entre as implantadas, uma é BR-319, que liga Porto Velho a Manaus, no Amazonas, concluída em 1976 no governo do general Ernesto Geiser, por meio do Programa de Integração Nacional (PIN), lançado em 1970.

A proposta inicial era a ligação entre as duas cidades, promovendo, assim, o acesso por via terrestre à porção setentrional do país a partir do Centro-Oeste e, através de outras rodovias, interligando-se à malha rodoviária sul-americana. 

Ocorre que, com o passar dos anos, esse ideia começou a ser abandonada e a BR-319, por falta de manutenção, uma década após a sua inauguração, nos anos de 1980, começou a ficar inviável ao tráfego de veículos, problema que perdura até os dias de hoje, e que já poderia ter sido resolvido há anos, não fosse o descaso do próprio governo com a região, que volta a viver o abandono.

A reestruturação da rodovia vem sendo anunciada desde a década de 1990. Chegou até a ser incluída em planos o “Brasil em Ação” (1996) e o “Avança Brasil” (1999), no governo de FHC, mas nenhum centímetro de asfalto foi colocada na rodovia que é de vital importância para Rondônia, por ser a via que permitirá o escoamento das riquezas minerais, industriais e agrícolas do estado, permitindo seu desenvolvimento econômico. 

Recentemente, mais um anúncio de início da pavimentação do trecho mais crítico da estrada federal foi feito pelo governo, e queremos acreditar que esse não seja mais um factoide com o intuito apenas de obter dividendos políticos para o governo, sem que a obra saia realmente do papel. Entendemos também que já passou da hora da obra à ter sido concluída, porém continuamos na torcida para que obra deixe de ser somente uma retórica, e seja realmente concluída para que a economia da região seja fortalecida..

 

O AUTOR É JORNALISTA E EDITOR-CHEFE DO DIÁRIO DA AMAZÔNIA

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