Eles não se cansam de humilhar

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O absurdo também acontece com homens comuns que na maioria das vezes
são da nossa confiança

Larina Rosa

É cada vez mais difícil não se deixar abater pelas notícias sobre a falta de respeito com
as mulheres do nosso país. As asquerosas imagens que mostram os estudantes de
medicina se masturbando e importunando sexualmente as pessoas na plateia de um
jogo de vôlei feminino é a prova de que estamos vivemos em um mundo doente.
O episódio ocorreu em abril, mas veio a tona essa semana e fez com que a
universidade expulsassem só agora, seis alunos dos 20 que apareceram no vídeo.
Dessa vez o desrepeito veio de universitários do curso mais elitizado do país,
privilegiados com a certeza da impunidade, frutos de uma cultura misógina que
menospreza, violenta e objetifica sexualmente mulheres, eles não se constrangem e
nem se cansam de humilhar.
Quando esse tipo de coisa acontece fica claro que estamos perdendo e alguns já
perderam a habilidade de viver em grupo. O problema da falta de educação é que ela
se alastra e adoece colegas, amigos e familiares e demais ao entorno.
Importunação é praticar ato libinoso (de caráter sexual), na presença de alguém, sem
sua autorização e com a intenção de satisfazer o prazer sexual próprio ou de outra
pessoa. O caso me fez lembrar que o desrespeito não se trata apenas de abusadores
que saem com o órgão genital a mostra, o absurdo também acontece com homens
comuns que na maioria das vezes são da nossa confiança, como amigos, irmãos e
parceiros.
É assustador pensar que é essa a geração que governará o mundo amanhã e atenderá
nossos pais, tios e filhos. Por fim, eu poderia dizer que se estudantes fossem da
periferia com menos privilégios outra punição seria destinada a eles. Mas por hoje vou
pedir o mínimo, que já é nos dias de hoje considerado o máximo para quem usufrui de
regalias mas falta o principal: respeito.

A autora é jornalista

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