Solano Ferreira
A reforma tributária é vista como urgente para a consolidação da recuperação econômica do país. Os efeitos da pandemia do novo coronavirus irão muito além de 2020, devendo afetar toda a cadeia econômica para a próxima década. O PIB (Produto Interno Bruto) fechará o ano com menos (-) 6,5%. O endividamento da população atinge 70% das famílias brasileiras, o déficit público será em torno de um trilhão de reais, e o governo federal projeta que o déficit primário do setor público consolidado em 2020 ficará em mais de R$ 812 bilhões, o equivalente a 11,3% do PIB.
O reflexo gera até o 20 milhões de desempregados e 130 milhões de trabalhadores informais, ainda, mais 700 mil empresas que fecharam as portas neste ano. Outro ponto preocupante para o país é o provável crescimento da inflação, tanto que o governo anunciou nesta semana, a produção de cédulas de R$ 200,00 (indicador de aumento da inflação).
A reforma tributária de fato é urgente e necessária, mas é preciso uma revisão sistemática e cada item da proposta do governo. Essa abertura dos olhos já foi provocada pelo Congresso Nacional que montou comissão especifica para analisar o texto. O mesmo vem ocorrendo com instituições representativas de setores econômicos que buscam compreender a proposta da reforma para evitar que a conta fique mais cara e mais injusta, o que sufocaria de vez muitos segmentos.
A boa notícia da semana é projeção de crescimento da produção agrícola para a próxima década em que o país estará pelejando pela recuperação do PIB perdido. É natural que alguns cortes sejam dolorosos e necessários, mas o que não pode é a balança pesar demais para um lado que já está bastante afetado. Para quem sobreviveu até aqui, a recomendação é evitar saltos ousados em momentos incertos. Cautela geral é o principal cuidado a ser tomado por todos os brasileiros.
O autor é jornalista