Ponte no rio Madeira reduziu custos, mas nada mudou no bolso dos pobres no Acre

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Inaugurada com pompa e circunstância pelo presidente Jair Bolsonaro, a ponte
sobre o Rio Madeira, em Abunã, no Estado de Rondônia, trouxe de fato redução
no tempo das viagens pela BR-364, porém, os impactos econômicos ainda não são
sentidos pela sociedade acreana, especialmente os mais pobres.

A chamada Ponte do Abunà, disse o governo federal no começo de maio de 2021
“conecta o Acre ao sistema rodoviário brasileiro e permite o escoamento de
produção das regiões Norte e Centro-Oeste, principalmente de soja. A estrutura
de concreto e aço tem 1.517 metros de extensão e recebeu investimentos de mais
de R$ 160 milhões. A previsão é que mais de 2 mil veículos cruzem a ponte todos
os dias”.

Sobretudo, o presidente Jair Bolsonaro chegou a projetar queda de 5% no custo
do frete para o Acre. O ac24horas consultou o sindicato das empresas de
transporte de carga, mas não obteve resposta. É possível saber, no entanto, que
ao menos o preço da passagem de ônibus subiu ao invés de estabilizar ou cair.

“Sim, houve uma redução do custo do frete com a ponte do Rio Madeira. Contudo,
essa redução não está sendo percebida pelo mercado consumidor, apesar de
refletir uma parte pequena do custo total do frete. Essa redução se dá por conta
do menor consumo de combustível, apesar do mesmo estar com o preço elevado
e pela extinção do custo do frete fluvial, pago por conta da travessia do Madeira”
disse Egídio Garó, consultor da Federação do Comércio do Acre.

O especialista leva em consideração um custo médio de frete fracionado, em
torno de R$ 3 mil e, considera também que o valor da passagem de uma carreta
bi-trem pela ponte custava, em maio do ano passado, R$270 e, um seguro fluvial
de aproximadamente R$ 2,5 mil por carga. Fracionado, dependendo da carga, é
bem menor.

“Portanto, se a carga foi consolidada fracionada, a redução de todo o
custo com a travessia e o seguro fluvial, poderíamos considerar uma redução
entre 5% e 7%, o que acaba sendo consumido pelo preço dos combustíveis. Dai os
produtos chegarem para o consumo no mesmo preço, senão mais caros, do que
os observados antes do início do trafego”, observa o consultor.

Segundo o IBGE, nos últimos doze meses a inflação em Rio Branco acumula alta
de mais de 14%, puxada exatamente pelos combustíveis.

As plataformas especializadas explicam que o custo de frete é o valor acordado
entre o embarcador e a transportadora e serve para cobrir os gastos de
movimentar a carga da origem até o destino. O valor total é formado com base em
diversas variáveis, negociadas antes de firmar o contrato.

Doutor em Economia e pesquisador da Universidade Federal do Acre, o professor
Rubiclei Silva é incisivo sobre os impactos econômicos da Ponte do Abunã: “Não
mudou nada”, diz, ressaltando também que possíveis ganhos foram consumidos
pelas perdas -além disso, os ganhos são praticamente irrisórios e se dão
principalmente pelo fim do seguro das carretas e redução do tempo de travessia.
A ponte realizou o sonho de se livrar das balsas e viajar do Acre a Rondônia pela
BR 364 agora é bem mais rápido, mas os resultados econômicos ainda são
lembrança nos discursos empolgados das autoridades

Fonte: AC24horas

Texto: Edmilson Ferreira

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