A cultura de exploração ilegal de madeira desde a era imperial

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Solano Ferreira

O presidente Jair Bolsonaro ameaçou divulgar quem são os países que compram madeira extraídas de forma ilegal no Brasil. Se isso ocorre, não haverá novidades. Desde a era imperial, a madeira brasileira abastece o mundo e o país fica com o ônus socioambiental. O cobiçado Pau-Brasil que deu origem ao nome da nação foi dissipado das florestas, assim como o mogno, a cerejeiras e muitas outras espécies nobres do nosso tempo. 

Acontece que quem compra a madeira extraída de forma irregular no Brasil são os países que pressionam pela preservação. Igual ao que ocorre na África em que, os marfins extraídos do abate clandestino de elefantes são vendidos para a burguesia europeia que reclama dos crimes ambientais que podem extinguir a espécie. Dois pesos; duas medidas. As motosserras fabricadas nos países compradores de madeira são vendidas aqui livremente, mas o uso do equipamento é passivo de crime.

É certo que um erro não justifica o outro. Não adianta ficar no debate de achar culpados, uma vez que, o problema aumenta consideravelmente a cada ano. O que precisa é além de identificar os culpados, impor as devidas punições e dar o mesmo rigor que é cobrado nas pressões de todos os lados. Que não fique nada impune por aqui e por lá onde a madeira ilegal tem mercado garantido. O tribunal do rigor deve arder para todos.

Quanto ao Brasil, o país precisa criar formas de controlar a exploração ilegal, criar meios de preservação, e criar meios de uso sustentável. Modelos existem que podem aliar a preservação de espécies com rendimentos econômicos. A Flona do Jamari aqui em Rondônia é um exemplo de uso sustentável que pode gerar modelo para todos os biomas brasileiros. Nessa Flona tem mineração de alto escala, manejo em alta escala, lucratividade em alta escola, e recomposição ambiental também em alta escala. Ou seja, o Brasil vem perdendo de várias formas sendo que poderia ganhar muito.

O autor é jornalista

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