O Estado de Rondônia apresentou em 2022 um aumento de 29% de casos de homicídios em relação a 2021 e maioria das mortes aconteceu em Porto Velho. A partir de março do ano passado, segundo a Secretaria de Segurança Pública do Estado, foi constatado o avanço da criminalidade. O crescimento do número de assassinatos pode estar ligado à transferência do chefe da facção criminosa do Primeiro Comando da Capital (PCC), Marcos Willians Herbas Camacho, o Marcola, para a penitenciária federal de Porto Velho.
As informações foram repassadas nesta terça-feira (04.04) pelo Secretário de Segurança Pública, coronel Felipe Vital, durante reunião na Comissão de Segurança Pública do Estado (Sesdec). “Constamos que dentro do Estado o problema maior estava na capital. A metade das vítimas de assassinatos tinha passagem pelo sistema prisional”, disse o secretário, lembrando que no ano passado ocorreu um ataque a sede da Unisp.
Segundo o secretário, em 2021 foram 110 assassinatos. Em 2022 o número passou para 143, um crescimento de 29%. Com as ações de segurança concentradas em Porto Velho, segundo o secretário, o crime começou a migrar para os distritos.
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“Moradores da Ponta do Abunã chegaram a fechar a BR-364 em função do crescimento da violência na região”, disse. Durante a explanação o secretário destacou as principais ações de segurança no Estado no ano passado para conter os índices de violência em Porto Velho e interior do Estado..
Quem é Marcola e plano de ataque contra autoridades
Um dos alvos do grupo suspeito de planejar atentados contra autoridades e servidores públicos, o promotor de Justiça Lincoln Gakiya foi responsável pela maior investigação sobre o PCC (Primeiro Comando da Capital), a maior facção criminosa do Brasil. A apuração que descobriu os planos do grupo começou após ameaças a Gakiya.
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Integrante do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), em Presidente Prudente (SP), o promotor foi responsável pelo pedido de transferência de Marcos Camacho, o Marcola, e de 21 membros da cúpula da organização para presídios federais. O pedido veio depois que um suposto plano de resgate de Marcola foi descoberto pela Polícia Civil e pelo Ministério Público de São Paulo.
Em dezembro de 2018, duas mulheres foram presas pela Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) na saída da Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior de São Paulo. Com elas foram encontradas duas cartas codificadas, com ordens da alta cúpula do PCC. As duas mulheres foram presas em flagrante. A primeira carta foi localizada dentro da bolsa de uma mulher de 45 anos. Já a segunda estava dentro do veículo de uma visitante de 39 anos.
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As cartas, que foram decodificadas pela polícia, continham um suposto plano para matar um servidor da SAP (Secretaria da Administração Penitenciária) e o promotor Gakiya, caso a cúpula da facção fosse transferida para presídios federais. Na época, a informação foi confirmada pelo próprio promotor.
Em 2019, a polícia interceptou um novo plano para matar Gakiya. A ordem de execução foi interceptada em um bilhete escrito à mão dentro de um complexo prisional no interior de São Paulo. “Matar tanto o promotor da Gaeco e sua escolta policial”, dizia o bilhete. “Ninguém deve ficar vivo.” A carta é assinada por Gabriel Nekis, que se identifica como afilhado de Marcola, preso na penitenciária de Presidente Bernardes, em São Paulo.
Operação Sequaz em Rondônia e em três estados
Nesta quarta, foram cumpridos 24 mandados de busca e apreensão, 7 de prisão preventiva e 4 de prisão temporária em Mato Grosso do Sul, Rondônia, São Paulo e no Paraná. Os principais investigados estão em São Paulo e no Paraná, segundo a Polícia Federal. Até as 10h30 desta quarta-feira, nove pessoas foram presas — seis homens e três mulheres —, todos em São Paulo. Os outros dois procurados com mandado de prisão expedido são do Paraná.
A operação ganhou o nome de Sequaz, que se refere ao ato de seguir, vigiar, acompanhar alguém. Esse nome foi dado devido ao método utilizado pelos criminosos para fazer o levantamento de informações das possíveis vítimas.
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Fonte: Valor&Mercado com informações do R7