Silêncio do PT, e o protagonismo da extrema direita em Rondônia

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Por De Assis Teixeira

O Partido dos Trabalhadores (PT), que já teve dias de grande relevância política em Rondônia, hoje vive um momento de retração e perda de protagonismo. Figuras como Fátima Cleide, Roberto Sobrinho, Anselmo de Jesus, fundadores, Jorge Streit, Odair Cordeiro, José Neumar e Eduardo Valverde marcaram época e ajudaram a consolidar o partido no cenário estadual, cada a um, à sua maneira, representou um tempo em que o PT tinha voz ativa, presença social e influência real nas decisões políticas e institucionais do estado.

Contudo, o tempo passou, e o cenário político mudou. O PT rondoniense não conseguiu se reinventar diante das novas conjunturas, a falta de renovação interna, o distanciamento das bases populares a ascensão da extrema direita e os reflexos das crises nacionais do partido contribuíram para um desgaste profundo.

O eleitorado, antes fiel e engajado, migrou em busca de novas referências políticas. Em Porto Velho, onde o partido já elegeu prefeito e conquistou espaço nas Câmaras e Senado, hoje enfrenta dificuldades até mesmo para compor chapas competitivas.

As lideranças históricas, ainda respeitadas, já não conseguem mobilizar como antes, e as novas gerações parecem não se identificar com o projeto político que um dia simbolizou transformação e justiça social.

Essa fragilidade do PT em Rondônia abriu espaço para o avanço de lideranças extremistas, sem projetos estruturantes e com atitudes reacionárias, que assumiram o protagonismo da política local. A ausência de uma esquerda forte e organizada permitiu que o debate político fosse ocupado por discursos superficiais e polarizadores, que pouco dialogam com os reais problemas do povo rondoniense.

Em vez de projetos de Estado, cresceram as retóricas moralistas e excludentes, sustentadas pela desinformação e pela negação do diálogo democrático.

Entretanto, é importante reconhecer que o PT em Rondônia tem uma história que não pode ser apagada.

O partido foi fundamental na construção de políticas públicas, principalmente na educação, na defesa dos trabalhadores e no fortalecimento da democracia regional. O desafio, agora, é reencontrar o caminho da representatividade reconstruindo pontes com os movimentos sociais, com as comunidades e com a juventude que cresceu num cenário político totalmente diferente.

O futuro do PT em Rondônia dependerá menos da nostalgia e mais da coragem de se reinventar, a memória é importante, mas a política vive de presente e de perspectivas.
Para o PT voltar a ser protagonista, o partido precisará olhar para o futuro com autocrítica, humildade e coragem.

A fragilidade do partido nesses últimos anos, abriu espaço para a extrema direita, sem apresentar projetos de transformação ou compromissos sociais sólidos, essa inversão de papéis é fruto de um silêncio estratégico que custou caro à esquerda rondoniense.

Ainda assim, mantenho a esperança de ver o PT novamente liderando as forças progressistas, reconectando-se às bases populares e reassumindo o papel de protagonista da história política de Rondônia.

O partido precisa resgatar o sentido ético e humano da política, não para reviver o passado, mas para reconstruir o futuro.

O silêncio não pode ser o destino de quem nasceu para dar voz ao povo.

O autor é professor

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