O governador Marcos Rocha (União Brasil) enfrenta um problema político bem parecido ao enfrentado pelo ex-governador Ivo Cassol (PP) no primeiro ano de mandato: o vice. Cassol foi eleito em 2002 em uma chapa puro sangue. Sem opção para coligar, o PSDB lançou Cassol ao governo e Odaísa Fernandes como vice. A chapa saiu vitoriosa das urnas.
Cassol começou a enfrentar problemas políticos com Odaísa Fernandes. Ao cumprir agenda fora do país, Odaísa promoveu algumas mudanças no governo, sem aval de Cassol. Na época, o governo Cassol enfrentava uma relação bem conturbada com a Assembleia Legislativa, conduzida pelo ex-presidente Carlão de Oliveira, pai do atual deputado estadual e líder do atual governo, Jean Oliveira (MDB).
Marcos Rocha, ao viajar para uma missão em Israel no início do mês passado, passou a enfrentar um bombardeio no seu governo. A disparada de drones em direção ao Centro Político Administrativo (CPA), tendo como autor dos disparos o vice-governador Sérgio Gonçalves (União Brasil), eleito com Rocha também em uma chapa puro sangue. Sérgio fez críticas ao chefe da Casa Civil, Elias Rezende, acusando de usar a estrutura governamental para atacar seu irmão e ex-chefe da Casa Civil, Júnior Gonçalves. Defendeu a exoneração de Elias Rezende. Também entrou na Justiça para tentar reaver o direito de governar em caso de viagem do governador.
Ao retornar de Israel, Marcos Rocha passou a visitar veículos de comunicação. Disse que na eleição de 2020, escolheu Sérgio Gonçalves para ser candidato a vice na sua chapa, apesar de resistência do próprio irmão, Júnior Gonçalves. Rocha disse ainda que a escolha de sua equipe foi pessoal, e não política.
Até o momento, governador e vice não se entenderam. Marcos Rocha tem intenção de disputar uma cadeira ao Senado. Mas para isso, vai precisar renunciar do cargo de governador. Quem assume é Sérgio Gonçalves. Até lá, não se sabe como estará a relação política entre governador e vice. A única certeza é que essa ruptura no governo é ruim para os dois. Os dois precisam sentar e definir, o mais rápido, o futuro político do União Brasil. Fogo amigo dentro da estrutura governamental é ruim para um governador, principalmente em ano eleitoral.
Fonte: Valor&MercadoRO