Recuo do PIB gera preocupação com a recuperação econômica

Tudo isso tem deixado o mercado apreensivo e retraído gerando ainda mais fatores riscos.

11

SOLANO FERREIRA

O resultado pífio do Produto Interno Bruto (PIB), no segundo semestre, com recuo de 0,1%, levanta ainda mais a preocupação com a recuperação econômica do Brasil. Setores como o comércio e principalmente a indústria, tem demonstrado insatisfação com a política econômica. Não bastando o impacto sofrido durante a pandemia do novo coronavirus, outros fatores têm interferido como o surgimento da variante Delta (do coronavirus) que está espalhando pelo País, a demora na vacinação em massa e o mais recente problema que é a crise hídrica que elevou as tarifas de energia elétrica a patamares assustadores.

Os especialistas em economia e mercado financeiro criticam também a indefinição política vivida no momento com a polarização de direita e esquerda, ameaças às instituições e poderes, e os riscos de interferências nas eleições de 2022. Tudo isso tem deixado o mercado apreensivo e retraído gerando ainda mais fatores riscos. Recente pesquisa do Datafolha indica que os micro e pequenos industriais preferem a democracia para o crescimento econômico e temem o risco de golpe de Estado.

Esses elementos negativos devem se estender até o próximo ano. Isso prolongará a retração e desacelerará o crescimento. Até o setor de agropecuária que estava mais otimista, teve queda de -2,8%, seguido pela indústria que caiu -0,2% e o setor de serviços que registrou queda de 0,7%.  A falta de investimentos públicos em infraestrutura também inibe o crescimento, uma vez que, esses investimentos em obras vultuosas geram empregos e distribui renda.

O reflexo da estagnação econômica é percebido ainda na intenção de consumo das famílias que não variou no período e marcou 0%. Os investimentos também recuaram 3,6% apesar dos programas de auxílio do governo federal. O mercado de trabalho teve melhora, mas de outro lado, a busca por créditos por pessoas físicas e jurídicas tem aumentado, causando endividamentos e riscos de inadimplência que, caso ocorra, causará efeito bola de neve.


O autor é jornalista e editor-chefe do Diário da Amazônia

Deixe seu comentário