Pandemia vira números, causa frieza e mantém os riscos

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A medida que a rotina social vai voltando a sensação na população é de que o problema de contaminação pelo novo coronavirus já não mais existe. Esse engano coloca o Brasil em risco de uma segunda onda e faz com que o nível de contaminação continue crescendo. Onde há a liberação das atividades, os números crescem e as mortes provocam a dor da saudade em milhares de familiares. Outro problema é a perca do medo. Com mais de cem mil mortos, a população está menos temerosa do que no início da pandemia quando o assombro era maior.

Essas sensações não podem passar despercebidas e o temor é aliado da prevenção. Quanto menor o medo, maior a exposição ao risco com o crescente descuido individual que reflete no coletivo. É preciso manter o alerta de que ainda não há vacina, a imunização natural não tem comprovação de eficácia. Portanto, mesmo com a volta das atividades é preciso manter o distanciamento seguro entre pessoas, evitar aglomerações e manter a higiene pessoal.

A pior situação do indivíduo é acostumar com aquilo que é ruim. E isso é percebido na população brasileira que acostumou a ver as mortes por Covid-19 apenas como números, e não mais como risco evidente para todos. Somente aquele que perderam um parente ou amigo é ainda mantem certo temor, mesmo assim, com o passar do tempo vai acostumando com a situação e aceitando o risco.

Aquilo que era comemorado no início da pandemia, agora é uma estatística triste. O número de mortes por Covid-19 já ultrapassou o número anual de mortes no trânsito e agora ultrapassou o número de mortes violenta. A doença gerada pelo inimigo invisível também já causa mais mortes do que outras doenças e outras causas consideradas elevadas e assombrosas. Acontece que a politização da doença continua e isso vai gerando a números frios e sem comoção. Cada vez mais a sensação é de que o problema não existe apesar da centena de milhar de mortes al´[em de três milhões de contaminados ao longo da pandemia.

O autor é jornalista

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