SOLANO FERREIRA
Números divulgados pela Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) mostram que somente nos primeiros dois meses da pandemia do novo coronavírus no Brasil, em 2020, entre 50 mil e 90 mil novos casos de câncer deixaram de ser diagnosticados. Parte desse problema vem do medo que as pessoas têm de contraírem a covid-19, ao saírem de casa para fazer o exame preventivo que garante uma possibilidade de vencer essa doença, muitas das vezes também letal.
Mas essa cifra pode ser ainda maior, se for considerado a projeção do Instituto Nacional de Câncer (Inca) de 600 mil novos casos de câncer por ano no Brasil.
Apesar de letal, o câncer, quando detectado nos estágios iniciais, tem grandes possibilidades de cura,daí a necessidade dos exames preventivos. Por outro lado, quem já está em tratamento se interromper o procedimento pode ter a doença agravada com grandes chance de vir a óbito. Estima-se que pelo menos um quarta das pessoas que estejam necessitando de tratamento não terão acesso a ele, por não ter como saber se está ou não doente com a ausência do exame.
Agrava ainda mais essa situação o fato de todos os leitos nos hospitais públicos e particulares estarem disponíveis para os pacientes de covid-19, o que elimina a internação em casas graves, não só de câncer, mas também de outras patologias que caíram no esquecimento com a pandemia.
E o que preocupa mais é que Rondônia, de acordo com a estimativa do Inca para 2020, é que o estado feche a conta com cerca de três mil novos casos de câncer (incidência por 100 mil habitantes), sendo que a maioria desses pacientes (68,66%) estão em Porto Velho.
O AUTOR É JORNALISTA