SOLANO FERREIRA
Pelas noticias que chegam às redações, Rondônia está ainda por viver sua fase mais aguda da pandemia do novo coronavírus, a mesma que se abateu sobre Manaus em janeiro deste ano: a falta de oxigênio para suprir os hospitais para atender os pacientes infectados que desenvolveram a Covid-19. Por falta do produto, centenas de pessoas morreram asfixiadas na capital amazonense. É fato que se nada for feito para antecipar essa crise que se avizinha, o caos se aprofundará ainda mais no sistema de saúde do estado, que já está muito impactado com a demanda crescente por novos leitos.
A luz do sinal de alerta foi acesa por quem lida diretamente com o abastecimento de gás hospitalar, a empresa Cacoal Gases, que atende vários municípios em Rondônia. Em documento enviado ás prefeituras que atende, o comunicado é curto e grosso: só há gás suficiente para 15 dias. A correspondência é datada do dia 10 de março, o que nos leva a crer que agora só restam gás para mais 12 dias.
O problema, explica a empresa, reside na falta dos insumos necessários para a fabricação do oxigênio, como o nitrogênio, o dióxido de carbono (CO2) e o argônio, entre outros. Sem esses produtos não há como se produzir o oxigênio hospitalar para atender os pacientes que evoluíram para a fase aguda da doença.
Esses insumos são necessários para manter a produção diária e o abastecimento deles é feito por indústrias do Sul, Sudeste e Nordeste. Ocorre que elas já deixaram de programar novas remessas para atender os clientes, o que leva a um iminente desabastecimento de gás hospitalar em Rondônia.
O acesso à correspondência expôs o problema que agora não está mais restrito aos gabinetes fechados, suplantado por pilhas de papeis ou jogado ao esquecimento numa lixeira virtual. Pois bem, a pergunta que não quer calar é: o que está se fazendo para evitar que o agravamento da crise com a falta de oxigênio torne-se uma realidade por aqui?
Vão fazer como fez a União no caso Manaus, quando o Ministério da Saúde já sabia com antecedência de 10 dias do desabastecimento e nada fez para evitá-lo? Ou vão se mobilizar para resolvê-lo? O sinal de alerta foi acesso. E agora, que vão fazer para apagá-lo?
O AUTOR É JORNALISTA