O País que joga alimento fora e o povo come osso

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SOLANO FERREIRA

O volume de alimentos jogados fora todos os dias no Brasil daria para matar a fome de muita gente. São sistemas que deixam para traz uma fortuna em grãos e outras espécies de alimentos que poderiam ter como destino a mesas e os pratos de comida. Tudo isso ocorre no País conhecido mundialmente pelo potencial de produção alimentar, e que, ao mesmo tempo tem estampado nos noticiários aglomerados de pessoas que disputam ossos para suas refeições.

No momento, cerca de 41% da população brasileira, convive com a fome em algum grau de insegurança alimentar. Isso representa quase 85 milhões de pessoas que tem falta de uma ou mais refeições durante o dia. Entre esse número, estão os quase 15 milhões de brasileiros que estão vivendo na linha de extrema pobreza.

O Brasil desperdiça alimentos na produção por falta de armazenamento adequado e pela dificuldade de escoar as produções. Ainda convivemos com muitos locais sem estradas em condições de trafegabilidade de cargas, além de não ter locais adequados nas propriedades ou nas cidades para armazenar os alimentos de forma que possam ter maior durabilidade.

Enfrentamos ainda o problema transporte, que lança pelo caminho, inúmeros grãos que se espalham nos trajetos do campo até os destinos. A logística também é fator de desperdício e entre uma carga e descarga, muitos outros grãos ou itens são lançados fora por não ter modal adequado. E por fim, os supermercados jogam diariamente no lixo, uma outra enorme quantidade de alimentos perecíveis que ser perderam nas gondolas ou bancas.

Comparando a dimensão da fome com o volume de perda de alimentos, percebemos dados impressionantes, e o Brasil poderia alimentar muito mais gente se esses alimentos não fossem desperdiçados. Vale a pena criar programas e políticas públicas que possam aliar as duas soluções.

O AUTOR É EDITOR-CHEFE NO DIÁRIO DA AMAZÔNIA

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