O jovem empreendedor tem papel protagonista no desenvolvimento do país

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Estenio Junior

Começo este artigo falando de minha história porque creio que, como eu, centenas dos jovens que vão ler este texto buscam encontrar soluções para suas carreiras profissionais. Em geral, a maioria vê no emprego com carteira assinada o único caminho para ter renda e cuidar de si e de suas famílias. Entretanto, as transformações que ocorrem no mundo do trabalho produzem incertezas enormes, cujos desdobramentos são impossíveis de serem previstos. Uma coisa é certa, apenas: cada vez mais será menor o número de vagas criadas nos moldes do que ocorrem atualmente.

Fora dos empregos no setor público, que também serão objetos de ajustes no curto prazo, a criação de vagas no setor privado será cada vez mais reduzida e com nível de exigência muito elevado. Assim, ou se busca formas de gerar ocupação além das tradicionais, ou a crise do emprego gerará o maior caos social do capitalismo moderno.

Ora, não há geração de empregos se não houver empregadores. Empregos são gerados por empreendedores, por indivíduos que veem na livre iniciativa a opção mais atrativa para se desenvolver, para melhorar de vida, para contribuir com o desenvolvimento da sua cidade, do seu estado e país. Foram essas as motivações que me levaram a empreender ainda jovem, e são elas que continuam a orientar as minhas decisões até hoje. Os números abaixo parecem confirmar os meus acertos.

No Relatório GEM – (Global Entrepreneurship Monitor), 2017, já havia sido constatado que os adultos de 25 a 34 anos eram os mais ativos na criação de novos negócios, com 20,5% de pessoas nessa faixa etária, seguidos pelos de 18 a 24 anos, estes com 20,3%. Estes dois grupos revelaram-se proprietários de empreendimentos em estágio inicial. No ano seguinte, esses números cresceram no caso de brasileiros entre 18 e 24 anos: de 20,3% para 21,2%, o que significa que os mais jovens ultrapassaram em porcentagem os empreendedores iniciais de 25 a 34 anos (que teve uma pequena queda de 0,1%). Tornaram-se, assim, a faixa etária com a maior porcentagem de proprietários de empreendimentos em estágio inicial. Por outro lado, no caso de empreendimentos já consolidados, os brasileiros de 35 a 64 anos se destacam. No entanto, a fração de jovens adultos que já têm negócios estabelecidos também cresceu. A porcentagem dos brasileiros entre 18 e 24 anos foi de 3,3% para 5,7%, enquanto entre os adultos de 25 a 34 anos esse número passou de 12,5% para 16,1%.

Note-se que o crescimento do número de jovens empreendedores vem no crescente apesar do ambiente hostil para quem quer empreender no Brasil. São dificuldades de todo tipo. Falta crédito em condições adequadas, assessoria técnica, legislação apropriada, incentivos e apoio à comercialização. Não há no Brasil, a rigor, nenhuma política assertiva de estimulo ao empreendedorismo.

Mas, no meu início, também não havia incentivo algum. Ao contrário. E não empreendi por necessidade, o que ocorre na maioria dos casos em que pessoas são levadas a ter o seu próprio negócio. Havia em mim a convicção de que ter o meu próprio negócio seria a melhor escolha para a minha carreira profissional – além de poder gerar empregos para outras pessoas e contribuir com o desenvolvimento de Porto Velho. Mas não é a situação ideal.

Este é o dilema mais relevante para os jovens que estão acima de 18 anos nestes tempos. A formação clássica já não basta para garantir emprego, pois já não há trabalho na quantidade necessária para permitir a competição saudável que havia 20 anos atrás. No mais, as vagas que surgem exigem um tipo de formação que as universidades já não atendem. E estas vagas remuneram mal e são disputadas de modo bárbaro.

Mas a opção por empreender não deve ser fruto apenas da vontade de quem queira ser empresário. Quem empreende deve ter à sua disposição um conjunto de políticas públicas (crédito, assessoria técnica, apoio mercadológico, legislação e marcos regulatórios favoráveis) que garantam, minimamente, as condições para que inicie suas atividades produtivas e ida ao mercado, pois é nessa interação que o empreendimento amadurece, cria as condições para resistir e se consolida. Essa é a luta que travamos pela Associação do Polo Empresarial de Porto Velho – APEP.

Criada estas condições, tenho certeza que, como eu, mais jovens verão na abertura do próprio negócio a solução para a situação de desemprego a que são submetidos por longos períodos. Com isso, além de resolver o problema do próprio desemprego, milhares de jovens produzirão empregos para milhares de trabalhadores, retroalimentando o círculo virtuoso do desenvolvimento econômico em nosso município, nosso estado e País.

(*) O autor é empresário e presidente da APEP, é natural de Fortaleza, CE. Reside em Porto Velho desde 1985. Cursou o ensino médio no Colégio Dom Bosco e é graduado em administração de empresas. Iniciou carreira empresarial vendendo alimentos nas ruas da cidade, logo adquiriu uma farmácia na Jatuarana. Vende a farmácia e após algumas experiências, inicia a produção do suco QUERO MAIS, em espaço cedido por seus pais. Em 2008, se muda para o Polo e dá continuidade à produção do suco QUERO MAIS, que é líder de mercado há 16 anos.

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