O jeitinho de levar vantagem é um tipo de corrupção

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Solano Ferreira

O dinheiro que deveria ajudar o país amenizar a crise acabou servindo para alimentar o egoísmo de pessoas que querem levar vantagem em tudo. Esse é um reflexo de um Brasil que grita por mudanças e das mesmas vozes surgem os mesmos recursos obscuros de se viver. As pessoas que criticam são as mesmas que praticam atos vergonhosos de corrupção. Aqueles que usurpam a carga de caminhão que sofre acidente é da mesa laia daquele que recebe indevidamente recursos de fundo emergencial para enfrentamento de calamidade.

Que mudança esperamos num país onde R$ 151 milhões que seriam para socorrer empresas e trabalhadores foram parar nas mãos de quem não precisava? Segundo o Tribunal de Contas da União (TCU), foram 130 mil acordos feitos no âmbito do Benefício Emergencial de Preservação do Emprego e da Renda (BEm), que prevê garantia temporária do emprego em troca de redução de salário e suspensão do contrato de trabalho. Trocando em miúdos, esse dinheiro recebido indevidamente deixou de fora pessoas que precisavam e que possivelmente perderam seus empregos.

O mesmo ocorreu com o auxílio emergencial, beneficiando pessoas que de nada precisavam daqueles R$ 600,00 por renda fixa e boa. A tal lei da vantagem torna esses indivíduos tão insanos que, mesmo o governo alertando que punirá quem recebeu por engano ou indevidamente, dando prazo para devolver o dinheiro ao governo, ainda assim, subestimam as consequências e seguem a vida como se nada tivesse ocorrido.

O ‘jeitinho’ brasileiro de levar vantagem em tudo criou no país uma grande parcela da população que pode ser considerada corruptível. É uma questão de caráter mau formado que lesa o país e lesa qualquer pessoa ao redor. O comportamento da mente danosa invade também qualquer outro campo da vantagem acima de tudo. Essas pessoas se consideram espertas e merecedoras de seus atos ilícitos e vibram com cada conquista maldosa como se fossem grandes vencedores.

Imagine o quanto o país perde com essa gente que onde chega causa perdas de alguma forma. Num país tão grande e tão cheio de oportunidades é difícil compreender que futuro teremos com esse vexaminoso comportamento social.

O autor é jornalista

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