Nova ponte sobre o rio Guaporé desperta interesse de vários empresários de Rondônia

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Rio Guaporé, no município de Costa Marques, região de fronteira com a Bolívia

A construção de uma ponte no rio Guaporé, ligando o município de Costa Marques a Bolívia, despertou um grande interesse econômico de empresários da região central de Rondônia. A consolidação do projeto promete intensificar as relações comerciais Brasil e Bolívia, impulsionando o agronegócio do Estado.

Um dos mais entusiastas do projeto é o empresário do ramo de calcário Cesar Cassol. “Essa obra é vantajosa para o Estado de Rondônia, que intensificará as relações com o comércio de Bolívia. Rondônia está de costas para a Bolívia. Hoje uma saca de milho é vendida no Brasil a R$ 42,00. O mesmo produto é comercializado a R$ 100,00 na Bolívia”.

Além do milho que é produzido em alta escala em Rondônia, existem outros produtos que podem ser comercializados na Bolívia. A exportação de produtos cultivados na Bolívia, tais como: soja, milho, madeira, minério, castanha e sal, pode acontecer por Costa Marques.

O projeto, segundo o empresário, teria um custo no valor de R$ 35 milhões. “Esse valor poderia sair de uma emenda de bancada”, sugeriu Cesar Cassol, acrescentando que a obra será mais econômico em função da extensão do rio. “são apenas 540 metros e no entorno de rio existem rocha, o que cai significativamente o custo da obra”.

Relações comerciais

No ano passado, políticos e empresários do Estado do Beni, da Bolívia, estiveram reunidos com a diretoria da Sociedade de Portos e Hidrovias do Estado de Rondônia (Soph), com o propósito de retomar as tratativas e estabelecer uma relação comercial entre os países.

“Os bolivianos podem instalar aqui na Capital um porto soberano, desde que atenda às normas da legislação brasileira vigente, para escoar a produção de diversos itens e reduzir os custos atuais que investem em logística. Atualmente, o volume de cargas que precisa ser exportada é de 4 milhões de tonelada/ano”, explicou Amadeu.

Segundo o empresário Dário Lopes do Grupo BDX Logística, a delegação do Beni ficou de entregar a presidência da Bolívia um relatório apresentando a viabilidade da implantação de um porto soberano em Porto Velho.

“Atualmente, os produtos bolivianos exportados são escoados pelo Chile ou Argentina. O comparativo de uma tonelada enviada de Santa Cruz de La Sierra para a Costa Leste do Estados Unidos da América, Caribe e Europa, passando pelo Canal do Panamá, custa em média US$ 125. Ao sair de Porto Velho o custo cai para US$ 90 para a mesma quantidade de produto, além de reduzir o tempo pela metade”, explicou o empresário.

O gestor afirma que a logística representa uma fatia muito grande e fundamental para o agronegócio como um todo. “Construir essa relação oportunizará o desenvolvimento da região, geração de emprego e renda para o Estado. O cenário é muito maior que a geração de lucro para a iniciativa privada, com previsão de gerar mais de 1500 vagas de trabalho”, detalhou Dário.

Projeto foi incluído no orçamento de 2017

O projeto de construção da ponte Brasil Bolívia no município de Guajará-Mirim, na fronteira de Rondônia com o País boliviano, foi inserido no Orçamento Geral da União 2017, mas a proposta  não avançou por falta de uma articulação política da bancada federal de Rondônia.

Na época, foi discutida também a estratégia da Bolívia de saída para o mar, com a utilização da hidrovia do Madeira e toda estrutura do Porto Organizado de Porto Velho, por onde o País vizinho já está exportando castanha e madeira.

A construção da ponte seria executada com recursos brasileiros e bolivianos como uma forma de dividir os frutos e sedimentar a união entre bolivianos e brasileiros. Desde 2013 que a construção da ponte é debatida em Rondônia e Bolívia.

Um Seminário do Consórcio Binacional para Integração e Desenvolvimento Sustentável entre Brasil e Bolívia foi realizado na Bolívia. O objetivo do encontro na época foi elaborar uma carta de intenções que represente os interesses da população das cidades fronteiriças e discutir medidas estruturais que serão necessárias a partir do projeto de construção de uma hidrelétrica no Distrito de Ribeirão, em Nova Mamoré, distante 60 quilômetros de Guajará-Mirim, e da ponte binacional que ligaria os dois países com a extensão de 1,2 mil metros.

No caso de Costa Marques a extensão da ponte sairia pela metade: 540 metros e com menos custo para o Brasil. Os municípios da região central seria os maiores beneficiados. A proposta também ganhou apoio da Associação Comercial de Rondônia (ACR).

Fonte: Valor e Mercado RO

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