SOLANO FERREIRA
Além do crescimento da inadimplência das empresas, que chegou a atingir 5,9 milhões de estabelecimentos em abril último, outro indicador que demonstra baixa no consumo de varejo é o crescimento da inflação, estimada pelo IBGE (Instituto Nacional de Geografia e Estatística) com alta prevista de 0,44% neste mês de maio. Na velocidade em que a inflação sobe, o custo familiar consome os ganhos e rendas, impedindo a evolução econômica, uma vez que, as compras se limitam ao essencial e em quantidades menores.
O que vem ocorrendo no momento pode até transparecer um certo nível de recuperação quando se mede em volume. Acontece que o crescimento da inflação, a disparada do dólar e outros fenômenos econômicos geram volumes altos que, não necessariamente, representem crescimento. Seria tipo um inchaço, ou bolha econômica.
Para se ter ideia, basta percorrer o comércio nos principais centros comerciais das cidades e ver situações como menor fluxo de clientes, menor número de trabalhadores, o proprietário e filhos no atendimento, estabelecimentos fechados em intervalos de almoço, enfim, demonstrações de arrochos para a manutenção dos negócios.
Mesmo que esteja havendo certo nível satisfatório de compras, os custos estão elevados e a venda de estoque pode comprometer a reposição, sendo que a inflação pode devorar o lucro dos estabelecimentos no intervalo entre uma compra e outra para manutenção e reposição de estoques. É provável que essa seja uma das razões do crescimento da inadimplência de micros e pequenas empresas que tem menor capital de giro e outras limitações de gestão.
Em tempos de inflação alta e crescente, todos devem considerar cada valor percentual para evitar comprometimentos desastrosos. Isso vale para o trabalhador assalariado e para investidores. Fazer cálculos é a melhor saída para evitar surpresas.
O AUTOR É JORNALISTA