Em Rondônia, o desenvolvimento econômico depende do protagonismo do empresariado

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Estenio Junior

Embora ainda seja razoavelmente concentrado, o setor econômico do estado de Rondônia apresenta uma pujança invejável. O setor agrícola cresce em tamanho de área plantada e em produtividade. A pecuária do estado ocupa as primeiras posições no País. O mesmo ocorre com a piscicultura. Suas bacias leiteiras são vigorosas e as agroindústrias se consolidaram como meios de agregar valor para os pequenos e micro produtores. Se o setor de comercio sofreu durante a pandemia, os outros setores compensaram estas perdas, de tal forma que não se ouviu falar em redução de receitas por parte do estado ou do município.

Tal solidez demonstra que há lideranças fortes no empresariado rondoniense, com capacidade de contribuir para o desenvolvimento do estado em áreas onde predominam políticos de carreira, sem a visão desenvolvimentista que o momento exige. A visão política é importante e necessária, mas ela tem limites óbvios. como ficou demonstrado ao longo da pior fase da pandemia, quando os parlamentos estadual e municipal ficaram a reboque das iniciativas dos seus respectivos executivos.

Com os ocupantes das duas casas legislativos estadual e municipal tendo origens na própria política (filhos, irmãos, netos ou outros parentes), dos movimentos sociais, ou profissionais liberais ou representantes de categorias especificas, a atividade política carece de representantes do empresariado rondoniense. Também para defender os interesses dos setor produtivo, mas para além disso.

As políticas desenvolvimentista, em geral, são formuladas nos gabinetes dos burocratas do setor público, tendo como diretrizes apenas preservar a receita do Tesouro do estado ou município, mesmo que isso represente o estrangulamento de setores ou cadeias inteiras. Sem ouvir quem de fato produz desenvolvimento, as teses e formulações que elaboram, são inegociáveis – e permanecem por longo tempo maltratando quem empreende ou quer empreender. Neste caso, as casas legislativas apenas promovem ajustes naquilo que recebem do Executivo ou apenas aprovam conforme chegam às suas mãos.

O ambiente econômico é fortemente influenciado pelo ambiente político, mas  o contrário nem sempre acontece. Os empresários estão organizados em entidades representativas, o que favorece a capacidade de pressão para empurrar o estado ou município a criar as condições para melhorar o ambiente de negócio e gerar emprego e renda. Exige-se um mínimo de unidade para a ocupação de espaços estratégicos de formulação de políticas adequadas ao setor.

É certo que a atuação política exige coragem daqueles que nunca foram políticos. Também é certo que as decisões políticas são lentas e distantes da realidade de quem tem que decidir a todo instante. No entanto, as decisões empresariais estão circunscritas ao universo da empresa ou do grupo empresarial. As decisões políticas envolvem a todos, inclusive as  empresas. Atua-se numa dimensão mais ampla e complexa.

As eleições de 2022 é o momento do empresariado se colocar como protagonista do desenvolvimento do estado, não apenas como produtor de riquezas e PIB, mas como indutor de inclusão, gerador de renda e mitigador da desigualdade que ainda penaliza nosso estado.

Há quadros entre os empresários do estado com capacidade de qualificar os parlamentos, de formular políticas com assertividade, de conduzir debates em alto nível e com profundo conhecimento da realidade do estado. Há espaço para ser ocupado e há potencial de unidade suficiente no segmento para que o desenvolvimento econômico, com sustentabilidade, se torne prioridade na agenda política nos próximos anos. Com a presença responsável e indispensável do empresariado. Quem se habilita?

(*) Empresário e presidente da APEP pelo segundo mandato, é natural de Fortaleza, CE. Reside em Porto Velho desde 1985. Cursou o ensino médio no Colégio Dom Bosco e é graduado em administração de empresas. Iniciou carreira empresarial vendendo alimentos nas ruas da cidade, logo adquirindo uma farmácia na Jatuarana. Vende a farmácia e após algumas experiências, inicia a produção do suco QUERO MAIS, em espaço cedido por seus pais. Em 2008, se muda para o Polo e dá continuidade à produção do suco QUERO MAIS, que é líder de mercado há 16 anos.

 

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