De grão em grão o brasileiro é fraudado

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Solano Ferreira

O brasileiro ainda tem muito o que aprender para a boa vivência social com demonstração de caráter evoluído. O jeitinho de querer levar vantagem em tudo é percebido em todos os lugares. Desde o furar a fila de espera, ocupar vaga preferencial em estacionamento e querer se servir primeiro no buffet; tudo demonstra um perfil social caraterístico da Lei de Gerson – que na cultura midiática brasileira, é um princípio em que determinada pessoa ou empresa obtém vantagens de forma indiscriminada, sem se importar com questões éticas ou morais.

A operação realizada recentemente pelo Ipem (Instituto de Pesos e Medidas de Rondônia), é mais uma prova do querer levar vantagem sem se preocupar com aspectos morais. A fraude nas medidas dos produtos da cesta básica é vergonhosa por se tratar de venda de produto essencial para pessoas de baixa renda. De 20 em 20 gramas a menos, no final de um grande lote, a empresa fraudulenta leva vantagem em tonelada.

A consciência de quem frauda não dói, como a dor de um estomago vazio. O supridor de uma família, ao se deslocar até um estabelecimento comercial para adquirir alimentos, geralmente compra na medida da quantidade e do valor. A cesta básica geralmente fica pronta e empacotada nos mercados, onde o comprador já leva o fardo supondo possuir os itens pré-estabelecidos para a segurança alimentar e nas devidas medidas do qual está pagando.

Esse tipo de fiscalização acontece de forma parcial e dispersa, mas caberia um incremento para acontecer com mais frequência e maior abrangência. No Brasil, tudo se frauda. Da medida nas bombas de combustíveis às medidas dos grãos de cereais básicos; tudo deixa umas frações para trás, que no final onera o custo de vida. A atitude é contestável não apenas pelo valor numeral, mas principalmente pelo valor moral.

O autor é jornalista

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