Com 6 mulheres mortas em 24h, RS permitirá pedidos online de proteção

A ferramenta deve entrar em funcionamento na próxima semana e tem como objetivo facilitar o acesso à principal medida de proteção para mulheres em situação de risco.

31
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil

Após uma série de feminicídios registrados em menos de 24 horas no Rio Grande do Sul, a Polícia Civil do estado vai permitir que vítimas de violência doméstica solicitem medidas protetivas de urgência pela internet. A ferramenta deve entrar em funcionamento na próxima semana e tem como objetivo facilitar o acesso à principal medida de proteção para mulheres em situação de risco.

A decisão de antecipar o lançamento do sistema foi tomada após seis mulheres serem assassinadas entre a madrugada e a tarde de sexta-feira (18). Nenhuma delas havia solicitado medida protetiva. “Já estava prevista, mas, diante dos crimes, vamos colocar em funcionamento o mais rápido possível”, afirmou o chefe de polícia Fernando Sodré.

Segundo o delegado Christian Nedel, diretor do Departamento de Proteção a Grupos Vulneráveis, a medida protetiva de urgência “é o mecanismo legal mais crucial que temos no momento” para interromper o ciclo de violência. “A versão digital vai permitir mais agilidade e segurança para vítimas que muitas vezes não conseguem nem sair de casa para buscar ajuda”, disse.

De acordo com Sodré, cerca de 90% das vítimas de feminicídio não têm medida protetiva ativa. Ele acredita que o medo de represálias e a dificuldade de acesso aos serviços de denúncia contribuem para esse número. “Com esse sistema que permite que o agressor não tome conhecimento imediato do pedido, esperamos alcançar mais vítimas e salvar mais vidas”, explicou.

Crimes sem ligação direta, mas com raízes na violência de gênero

As autoridades afirmam que não há conexão entre os crimes ocorridos na sexta-feira, mas todos estão ligados a padrões estruturais de machismo e possessividade. “Somos obrigados a reconhecer que esses casos refletem um sentimento de posse, de não aceitar que a mulher tenha outro parceiro”, disse Sodré.

Fonte: Gazeta Brasil

Deixe seu comentário